MARINHA DAS ONDAS

A História

A freguesia de Marinha das Ondas pertenceu ao antigo concelho de Lavos e Paião, extinto  em 1853. Em 1928 foi constituída como freguesia autónoma.


A povoação de Marinha das Ondas existe desde 1886 e provém da aglomeração de vários casais existentes a nascente da estrada principal que atravessa a atual povoação, casais esses que já existiam por volta de 1809.


Parte do território da atual Freguesia, a noroeste da EN 109, pertenceu ao Couto de Seiça.


Aos monges cistercienses do Mosteiro de Seiça ter-se-á ficado a dever o impulso dado nestas terras ao povoamento e agricultura. Outra parte do seu território (a poente da EN 109) fez parte do Couto de Lavos. Defende-se que, nos tempos em que a linha de costa era mais para leste que a atual, tivessem existido marinhas de sal, razão aliás que teria justificado a escolha do topónimo.


A Praia da Leirosa é certamente a sua povoação mais antiga, inicialmente caraterizada como
agrupamento de palheiros (em muito parecidos com os da Cova e da Costa de Lavos). Terra de pesca e pescadores por excelência começou por conhecer atividade sazonal praticada por homens vindos do interior que aqui lançavam redes de meijoeiras. O seu mais expressivo povoamento terá iniciado em 1865 por impulso de José Francisco da Silva, filho de José da Silva, pescador das Artes de arrastar, desde 1815, na Costa. Das suas cabanas na praia, cobertas de palha (ou estorno), não restam quaisquer vestígios, nem mesmo das que, em madeira, as substituíram, algumas com rés-do-chão, em adobe, e piso superior em madeira com varanda virada para a frente e escada exterior. Com o aparecimento do tijolo e do betão, estas edificações de madeira escura e fustigada pelo vento e ar marítimos desapareceram e a Praia da Leirosa tomou nova configuração, perdendo individualidade. O saveiro foi o barco de pesca aqui adotado pelos esgueirões (assim chamados os pescadores da Praia da Leirosa) apto, pela sua configuração, a vencer a contrariedade da rebentação, perigosa mas habitual, em praias desabrigadas. As festividades religiosas da Praia da Leirosa honram, como não poderia deixar de ser, quem proteje os pescadores. Nossa Senhora da Boa Viagem é a padroeira local, a quem homens e mulheres se entregam em orações pedindo bênção e proteção para as viagens no mar.


Sem dúvida que o maior impulso para o desenvolvimento da Marinha das Ondas ficou-se a dever à instalação, em 1965, da indústria de celulose (Celbi) que, com a indústria de produção de papel (Soporcel, 1984), na vizinha Freguesia de Lavos, vêm empregando, desde a sua instalação nesta região, um número muito significativo de mão-de-obra local.


Para além da faina piscatória a que continua a dedicar-se a população costeira, a agricultura mantém-se recurso para pouco mais que a subsistência familiar.

A Lenda da Senhora das Ondas

Conta-se que, por volta de 1600, um moleiro de nome Fernando, habitava um moinho de água junto ao ribeiro que vinha da Lagoa dos Linhos e ia desembocar no mar junto ao local onde mais tarde se fundou a povoação de pescadores da Leirosa. Este moleiro que periodicamente levava farinha aos distantes lugares de Coimbrão, teria encontrado numa das suas viagens, a imagem de uma Santa. Mais tarde, um familiar seu terá construído uma ermida onde colocou a imagem, dando-lhe o nome de Senhora das Ondas.


Querendo o povo reforçar esta história, conta-se também que, entre 1725 e 1770, confrontando-se certo tripulante de um navio com uma violenta tempestade e risco de naufrágio, prometeu erigir uma Capela a Nossa Senhora das Ondas se acaso a sua embarcação e tripulantes se salvassem. Assim acontecendo, foi cumprida a promessa e, desta forma, teria sido construída a capela, em 1744, em honra da Senhora milagreira.


O primitivo templo seria, no entanto, incendiado pela onda de destruição deixada pelas invasões francesas. A imagem da padroeira foi retirada das chamas e dada a guardar a uma família que, mais tarde, fixou residência em Cascais, tendo-se-lhe, contudo, perdido o paradeiro. Quando finalmente foi encontrada, devolvida e restaurada, a imagem da padroeira retomou o seu lugar na capela.


No final da passada década de 50 havendo intuito em se requerer a constituição de paróquia autónoma (1958), esta capela foi provisoriamente elevada à categoria de Igreja. Entretanto, outro templo maior se projetava. A nova Igreja Paroquial nascia e seria inaugurada em Janeiro de 1961

 

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